domingo, 11 de março de 2012

cartas...


(...)Enquanto vc foi na cozinha preparar o lanche, tive uma súbta emoção, vontade de chorar.Mas não foi de tristeza. É uma mistura de felicidade e medo. Pensei comigo: tenho tantas vontades com ele, tantos projetos...Vontade de tantas e tantas coisas que fico anciosa, porque não cabe tudo no presente, e eu tenho que deixar para o futuro as coisas que por vezes gostaria de compartilhar. Isso dá um medo! Apesar da minha intuição - sempre atuante - me dizer que Deus vai conceder, ontem pedi pra Ele permissão, pra que voce possa ficar na minha vida mais um tempo. "Preciso de mais tempo, Deus, voce entende?" eu pensava, com medo que voce desse continuidade a essa descontinuidade de relacionamentos que sempre cercou minha vida. Eu viajei no pouco espaço de tempo. Lembrei da Ma aquele dia, segurando meu dedo com força com aquela mãozinha, como garantia de que eu não fosse embora...Será que vou ficar mesmo?
Quem sabe Deus tenha me ouvido...
(...)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Cartas.....

Está aqui, pois, catalogado e registrado alguns dos versos, das palavras, das músicas e melodias que embalaram minhas - e por que não dizer nossas - últimas semanas. As primeiras de muitas, muitas outras.
Os obstáculos que entortam as linhas da vida não as torna imperfeita, injusta ou contestável. A vida é exatamente como deveria ser, e cabe a nós apenas compreendê-la, aceitá-la com alegria e resignação. Se o fazemos para os momentos difíceis, como não fazer o mesmo aos momentos felizes?
Nesta altura a vida me presenteou voce. É meu dever saber constatar que chegou nossa hora de ser feliz também. E, se é pra ser assim, eu só agradeço a Deus e peço que em voce eu possa ser a solução, a compreenção, a soma, o vão que te deixa escapar da tristeza quando ela for te visitar.
Que eu possa ser A sua Maria, e possa dar todas as luas que, nesta vida, vierem me iluminar.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A Lágrima é Verdadeira

Como diria Renato Russo: "Vamos celebrar a estupidez humana."
Sim. Quero propor aqui um brinde. Erga seu copo e celebre comigo.
Não se acanhe, não enterre sua cabeça embaixo da terra, esperando o vendaval passar.
Agarre-se no primeiro poste, levante a cabeça e encare-o de frente também.

Antes de discursar o célebre momento do tim tim, até o estralar de taças, quero justificar com uma cena incidental ao texto que se segue.

Estive dia desses assistindo o filme "Clube da Luta". Filme pesado de signos, cenas sangrentas, daquelas que faz voce fazer careta e sentir a dor junto com a personagem. Filme bom para se assistir três vezes, e trocar o ângulo em cada uma delas.
A cena mais marcante pra mim diz muito sobre o que estou passando agora.
Ela acontece assim: Tyler pede a mão do seu melhor amigo e protagonista da história. O amigo, confiando nele, estende a mão, sem saber ainda o motivo. Ele lambe os lábios e, delicadamente, beija a mão do amigo, como quem reverencia uma dama. Em seguida, despeja na mesma mão um pó ácido, que reage sobre a pele umidecida de sua saliva, queimando-a em uma intensidade e uma dor maior que uma queimadura em terceiro grau. Tyler prende a mão do amigo para que ele não consiga soltar, enquanto se debate e suplica piedade. Enquanto isso, Tyler evita ao máximo que a mente do amigo fuja daquele momento. Ele ordena que ele sinta a dor completamente, sem artifícios. Diz que é um grande momento em sua vida, e que deve ser contemplado, para que ele usufrua com plenitude e sinta cada célula de sua pele corroer. É o teste. É o valor da destruição.
O objetivo da dor não é que voce aprenda a fugir, mas que aprenda a senti-la, para se tornar mais forte.

Os percalços da vida não existiriam se neles não houvesse um objetivo, uma razão. Nada na vida é sem sentido. Como diria Lenine, "Não é só felicidade que tem fim na realidade, a tristeza também tem."

Hoje meu brinde vai a dor. Celebrar meu espelho destroçado pelo chão. Quero sentir na plenitude minha pele corroer, até que reste somente uma cicatriz. Cicatriz esta que eu levarei pra sempre, por toda a vida, como recordação de uma passagem importante. Morrer sem cicatrizes é como passar uma vida inteira sem cair no chão, sem abrir um corte, sem fazer um hematoma. Quem nunca o fez, sempre se privou da vida. Passou por ela, sem nunca tê-la vivido.

O ser humano não dá valor a felicidade. Só se nota uma felicidade depois de tê-la perdido. Com a dor, não. Ela aparece e voce sente, instantaneamente. Só conseguimos realmente ser plenos na vida quando sofremos. Ficamos sensíveis, poéticos, artistas, intensos. Voce, que nem via sentido na vida, de repente passa a reparar no canto dos pássaros, nas flores secas, nas mãos dadas de um casal. "Um dia preso em uma cama de hospital e voce já sente inveja das pessoas que podem simplesmente caminhar pela calçada", ouvir dizer Viviane Mosé.

Até que o luto cesse e tudo volte ao eixo, farei o tilintar com a solidão, com a noite fria e silenciosa do degrauzinho no meu pequeno quintal. Minha felicidade não depende de ninguém, assim como minha tristeza não precisa de companhia.

Me recluso, junto aos meus poetas, ecoo suas frases de efeito enquanto me apoio nelas. "Posso até ir ao fundo de um poço de dor profundo, mas volto depois, sorrindo."

Doravante, eu continuo. Nesse espaço, nesse curso.

Circular e retilínio. Irregular, exatamente como deve ser.

Nos percalços, no percurso.

Avante, nessa imensa Ciclo-Vida.

E continuo.

E continuo.

Eu continuo.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Envergo Mas Não Quebro

"Se por acaso pareço
E agora já não padeço
Um mal pedaço na vida
Saiba que minha alegria
Como é normal todavia
Com a dor é dividida
Eu sofro igual todo mundo
Eu apenas não me afundo
Em sofrimento infindo
Eu posso até ir ao fundo
De um poço de dor profundo
Mais volto depois sorrindo
Em tempos de tempestades
Diversas adversidades
Eu me equilibrio e requebro
É que eu sou tal qual a vara
Bamba de bambú-taquara
Eu envergo mas não quebro (2x)
Não é só felicidade
Que tem fim na realidade
A tristeza também tem
Tudo acaba, se inicia
Temporal e calmaria
Noite e dia, vai e vem
Quando é má a maré
E quando já não dá pé
Não me revolto ou me queixo

E tal qual um barco solto
Salto alto mar revolto
Volto firme pro meu eixo
Em noite assim como esta
Eu cantando numa festa
Ergo o meu copo e celebro
Os bons momentos da vida
E nos maus tempos da lida
Eu envergo mas não quebro (4x)"

(Lenine, mestre )

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Última Chance

Depois de tantas vivencias, tantas palavras e nomes....todas as iniciais do alfabeto já passaram por mim. Ao menos é o que parece. No fim, nenhum deles ficou para contar a historia...mas a historia ficou, e hoje compõe o que a vida fez de mim.
 
Depois de tanto tempo, já conformada de que seria eu e Deus até o final, surge um Zo. Última letra do alfabeto. Última chance, Deus?
 
Ele me responde com um sorrisinho de canto de boca, como quem tira a carta da manga tão bem resguardada durante todo esse jogo.
 
Ele me diz que voce é único, e como tal, vem e conta uma nova história. Sem antes, sem depois. Em mim, é só voce agora.
 
Te chamo de Zo, como se dissesse entrelinhas, ao pronunciar essas duas letrinhas, que voce é meu último romance...
 

Oração do Tempo

Tempo,
Rezo para que tenhamos tempo de sermos bons amigos....
Nem tanto o tempo dos Homens....Mais o tempo das almas.........


"És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e migo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo..."

(Caetano Veloso)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Quando fui Chuva

Há dois meses fui chuva.....me desvaneci em meio a tempestade que desabava no céu da avenida paulista..Me vesti de gota para me camuflar..Gostei de ser chuva, e não me esquivo dela me molhar....eu abro os braços, eu abro a boca. Bebo com gosto... Lavo onde eu for, e com voce, me limpo. Eu deixo a tempestade entrar...