quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Verão...........

Trabalhar em uma academia me faz perceber uma coisa:






O verão está chegando, ano acabando, férias, natal, pagar contas com décimo terceiro....

ASSUSTADOR, NÃO?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Devaneios

Sim, eu pensei, penso e pensarei.
Penso nisso todos os dias, como se não fosse possível fazê-la parar de rodar.
Roda em infinitas voltas, tal qual o bêbado moribundo da sargeta.
E como um bêbado, ainda tento me equilibrar.
Nessa berlinda que divide os mares, nesse meio-fio, nessa meia vida, nesse MEIO...
E de quase vou vivendo, já que não é possível sempre ESTAR.
Para se viver, deveria antes Ser.
Por direito, já tê-lo sabido, pra depois aprender.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tempo

quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele
soprando sulcos na pele soprando sulcos?
o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina
sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma
(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença)
acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim
                      e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás
 um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos
acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando

(Viviane Mosé)

domingo, 10 de outubro de 2010

Navalha na Carne

                                                                            (...)

"
N SUELI:          (No chão, apanhando os objetos espalhados) Pára com isso! Por favor, pára! Será que você não é capaz de lembrar que venho da zona cansada pra chuchu? Hoje foi um dia de lascar. Andei pra cima e pra baixo e pra cima, mais de mil vezes. Só peguei um trouxa a noite inteira. Um miserável que parecia um porco. Pesava mais de mil quilos. Contou toda a história da puta da vida dele, da puta da mulher dele, da puta da filha dele, da puta que o pariu. É isso que cansa a gente. Às vezes chego a pensar: Poxa, será que eu sou gente? Será que eu, você, o Veludo, somos gente? Chego até a duvidar. Isso é uma bosta. Uma bosta!

VADO:               É...é mesmo....

N SUELI:           É mesmo o quê?

VADO:               Você tá uma velha podre. Olha! Olha! Vê, cinquenta anos!

N SUELI:            Por favor, Vado, pára com isso!

VADO:                Olha bem! Olha bem velhota! Coroa!

N SUELI:             Vado, chega! Chega!

VADO:                 Cem anos! Cem anos! Quanta ruga! Que cara amassada! Que bagaço!

N SUELI:             Chega! Não aguento mais! Chega!

VADO:                  Chega mesmo! Sou um cara boa pinta, não vou perder minha mocidade ao lado de um bagaço. Cadê a graana, sua vaca? Onde está a grana de hoje?

N SUELI:              Vou te dar a grana. (Pega o dinheiro) Está ai todo o dinheiro que tenho. Pronto, é seu. Está contente?

VADO:                  Tá legal. Assim é que é. Agora tchau. (Vado sai)

N SUELI:              Vado!...Vado!...Você vai voltar?...Você vai voltar?..."


                                                                              FIM
(Trecho da peça Navalha na Carne, de Plínio Marcos)

À Palo Seco e Infiltrado

"Febrehemoptisedispnéiaesuoresnoturnos.
A   vida      i n t e i r a   que podia ter sido e que não
foi.


Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:


- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trintaetrês... t r i n t a  e  t r ê s ...
- R e   s      p  i   r    e.


- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino."

 (Bandeira, MANUEL. Pneumotórax)
                                                  

                                                                                            (...)


"Por força desse destino
O tango argentino me vai bem melhor que o blues
Sei que assim falando pensas
         Que esse d e s e s p e r o é moda em 73
Eu quero que esse canto torto
Feito faca corte a carne de vocês."
(Belchior. À Palo Seco.)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Livro de cabeçeira da vez.........

Meu Deus, ainda não consegui terminar de ler esse livro! Há séculos ele grita na minha mochila todos os dias: "me leiaaaaaaaaaaaaa!" e nada. Tá rouco, tadinho.
O problema é que é interessante demais, intenso demais, difícil demais pra se ler assim, de qualquer jeito. E aí, vou deixando pra depois...

Um dos melhores que já li, até onde já foi lido, rs! Recomendio.
Missionários de Luz, do Chico Xavier, pelo espírito de André Luiz (o famosinho do cinema, hahaha)

Da Série Posts Antiguera : Dia das Crianças!

viu criança em frente à vitrine da melhor loja de brinquedos? Sou assim na Saraiva. Poderia até me tornar a garota propaganda, se eu parar pra contar o que sinto lá dentro, loja adentro.
Um sentimento estranho de quem sempre sobreviveu às custas desse ar, como se fosse meu próprio universo, de berço.  Como se eu nunca estivesse em outro lugar se não esse. Em meio aos livros e a música.
Sempre quando entro, os olhos brilham, as mão tremem, o pensamento violenta: “Se controla, se controla.” Imagina, não vou comprar nada dessa vez.
Mesmo assim, os olhos correm, ansiosos e dilatados, à procura de um bom motivo para cair em tentação.
Encontrei  Box do Rei B.B., Hendrix, Divas do Blues...R$ 30,00 que eu pagaria como quem compra uma coca-cola em um dia de muito calor. Enfim...”se controla..” Fui em direção à saída.
Na última ilha, a última cartada da loja, um golpe de misericórdia. Peguei um livro de Kafka. Nada que me fizesse voltar até o caixa. Fidel e Che talvez em um outro momento, onde eu não me lembre mais o quão comercial fizeram meu ídolo revolucionário. Ao lado, algo chama a atenção: Histórias de Canções Chico Buarque. Paraliso.
O que eu poderia querer mais senão um livro com estas histórias? O que afinal eu tenho procurado nas horas de lazer, sem saber bem por onde e como começar? E como a loja soube disso?!
Voltei. Rezei para que o cartão passasse. Corei. Naquele momento, minha vida dependeria de uma maquininha. Fechei os olhos depois de digitar a senha. Alguém me acordou:
- Moça, pode retirar o cartão.
(...)
Sai de lá com vontade de gritar, de rir... Vontade de chorar mesmo. Abri o livro em uma página aleatória, na ânsia de descobrir tudo logo, ou de adiantar alguma coisa que acalmasse os poros, que parasse a lágrima e 'evitasse o drama':
“Não chore ainda não, que eu tenho um violão e nós vamos cantar.”
(...)
Fechei o livro. Não precisa explicar mais nada, Homem.

Revelação

Veio devagar.
E por que não me alcança?
Vem com leveza,
Envolta de mim
A sambar.
Delicadeza sua,
Veio devagar.

Como um samba de choro emocionado
Faz chorar
Vem e se colore,
E a cor que se escolhe
É o lado, sob o sol, do seu olhar.

E da luz faz a magia acontecer
Faz enfim voce perceber
Que tudo, desde sempre
Esteve bem diante de voce
Embaixo dos seus pés
Tímidos e admirados
Debruçados e descalços
Vendo a morena girar.

Mas, eu não quero outra, não!
Nada mais encanta.
Nada mais atrai.
Eu quero a vida encandescente
Poeira transparente
Sobre a areia do mar.

Elo que eu quero sentir
Entre a vida de lá e daqui
Me dá a esperança
De que ela ainda fica, paciente, a me esperar.

Espera, vida minha, só mais um pouco que eu vou já!
Estou chegando, tonta de vontade
Torta de saudade de te abraçar
Nem que seja apenas durante
O eterno e estúpido instante
Do seu respirar.

(vou com ela sambar)
ps: um dia, ainda há de virar samba...

A pedidos...

Conforme solicitação, eu voltei e vou colocar aqui uns posts do blog Antiguera =)
Os posts então que virem com o texto mais clarinho, foi tirado de lá.
Estou devendo a novela mexicana, né trupe? Logo menos........ !



AguardemmMMM, má oe. hihi.

Sobre Todas as Coisas

Você pode ignorar meu trabalho. Minha presença e meus convites. Meus livros, meu carinho, minha preocupação. Pode ignorar e desprezar meu desejo em ajudar e minha maneira em querer bem. Desprezar minhas palavras, meus gestos, meu jeito... Meus r**, minha amizade e minhas mensagens de texto. Ou até mesmo minhas tentativas em te trazer para a minha vida. 
Eu me acostumo, e com a voz tranquila, faço que não importa. Ajo como se fosse, porque sei que um dia não vou me importar de verdade.
A última coisa que me importei e que realmente gostaria, é que tivesse lido minha última carta.
Seu silêncio sempre me diz muito. E esse, agiu como resposta.
Antes de ignorar novamente, me faça um favor: desconsidere-a, mesmo quando já tenha tido feito.

Obrigado!

Sobre Todas as Coisas
Composição: Edu Lobo/Chico Buarque de Hollanda
 
Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus

Ao Nosso Senhor
Pergunte se Ele produziu nas trevas o esplendor
Se tudo foi criado - o macho, a fêmea, o bicho, a flor
Criado pra adorar o Criador

E se o Criador
Inventou a criatura por favor
Se do barro fez alguém com tanto amor
Para amar Nosso Senhor

Não, Nosso Senhor
Não há de ter lançado em movimento terra e céu
Estrelas percorrendo o firmamento em carrossel
Pra circular em torno ao Criador

Ou será que o deus
Que criou nosso desejo é tão cruel
Mostra os vales onde jorra o leite e o mel
E esses vales são de Deus
 
Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus

Salvar em Rascunhos?


Sou do tipo de pessoa que gosta de escrever, mas não gosta de se explicar. Minha forma de me expressar pela escrita é muito profunda, fato que justifica as horas que levo "esculpindo" um texto. Escolho cada palavra, moldo cada frase, alinho cada ideia. É difícil pela complexidade - o que não tem relação nenhuma com escrever bem ou mal, coesiva e coerentemente ou não -  porém não vence o desejo; como o estancar da hemorragia não vence o fatal jorrar do sangue (maravilhoso e transbordante, né Chico?). É mais do que dizer: É uma necessidade fisiológica do meu corpo e da minha alma.
Quando tenciono, as palavras se calam na ponta da língua. Por mais que me provoquem e aticem os nervos, nada nem ninguém consegue arrancá-las pela minha boca.Isso, acredito eu, se deva porque pra dizer às vezes é preciso não pensar. Quem fala muito, fecha os olhos e ouvidos, cego e surdo também às consequêcias. Não consigo não pensar nas consequências.Simplesmente não consigo dizer sem antes pensar demais. No calor das emoções, a boca serve de muralha para todas aquelas palavras que queiram fazê-lo. Sem saída, elas se acumulam pela minha 'estrada de mão'...Única. Assim, o desmoronar é iminente.
É tão forte que uso feito terapia. Escrevo o que preciso dizer e guardo o texto pra mim. Espero o tempo da raiva, e quando a poeira assenta, leio, trabalho e estudo o que fazer com aquele sentimento, antes intangível por origem, ora calcificado em moléculas de texto. Engraçado é depois ver minha caixa de e-mails com quase trinta "rascunhos"... (vide o print!)
Por isso, ao ler um texto meu, não me peça explicação. Ele é minha midia, meu veículo de comunicação de sentimentos. Não existe sinônimos ou traduções. Leia... e sinta.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Metade de Mim

Exatamente há um ano atrás cá estava eu prestes a mudar minha vida irremediavelmente.
Estava conhecendo, pela primeira vez, meus colegas de trabalho da Lapa. Foram, em primeira instância, gerente, supervisor e assessor pra mim. Hoje, no entanto, "bateram suas cotas" e trancenderam os cargos. Agora aqui são a familia que não corre em minhas veias, mas bate em meu coração.
Foi sim um momento histórico, onde grandes mudanças ocorreram na minha vida profissional e pessoal. Analisando bem, foi um ano tão marcante quanto necessário.
O mundo deu suas voltas, e metade de mim teve que abandonar a parte profissional que me cabia naquele lugar. Mas a outra metade ainda ficou...
Metade mim ainda sente nas veias a adrenalina de lutar todos os dias para ver sua filial campeã.
Metade de mim ainda se sente parte integrande da familia.
Metade de mim está lá todos os dias.
E a outra metade.........também.


METADE - OSWALDO MONTENEGRO

(click no link acima e veja o video)

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.



sábado, 28 de agosto de 2010

#lamento

....Ainda que no mundo haja lindos mares, exuberante natureza e colorido céu, nós, os homens, ainda teimamos em nos afogar nas profundezas escuras da lama e do barro da terra.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Amor

(O post a seguir não obedece nem nunca obedecerá à reforma ortográfica.Tenho dito.)


Dia desses tive contato com pessoas cuja familia é bastante numerosa. Encontrei também um casal simpático, apaixonado e feliz, com cinquenta anos de casados...Pensei ao que se deve o fato de antigamente não ser espantoso se ter dez filhos, por exemplo. Hoje, o espantoso é um casamento feliz e duradouro. Por que tantas tranformações de valores e comportamentos?
Deixando um pouco de lado questões históricas, sociais e econômicas, acho que muito se deve à falta de educação que as pessoas têm quando o assunto é relacionamento. O que pensar então dos chineses que promovem cursos para mulheres aprenderem a se comportar para conseguir um marido? E os relacionamentos dos brasileiros? Por que não duram mais como antigamente?
Temos que tomar muito cuidado quando pensamos em iniciar um relacionamento. Dadas minhas trágicas experiências, pude pensar bem sobre o assunto e extrair valiosas informações. Aliás, fator que me acrescentou muito e que me faz agradecer a vida pelo presente do aprendizado através de fatos que para muitos parece só trazer a dor. O propósito da dor é o que nos traz conforto e sentido à vida.
Hoje, então, não quero mais um relacionamento impensado e inconsequente, filho da carência, do desaconchego, da curiosidade, da imaturidade, da solidão ou até mesmo da pressão social. Hoje, desconfio dos carentes, dos apressados e dos que amam instantaneamente.
Acredito que as pessoas confundam muito as coisas quando falam de amor, motivo pelo qual tantos e tantos relacionamentos se desmoronam facilmente.
Procuramos no outro o abrigo e a segurança, tal qual o útero de mãe. Se o amor se resumisse a isso e fosse tão raso assim, não seriam necessárias as almas, mas sim fábricas de cobertores de orelhas e bonecos para dormir 'de conchinha' nos dias de frio. Afinal, você procura uma mãe ou uma esposa? Poupe-se.
Confundimos muito amor e paixão. Por favor, que isso fique bem claro de uma vez por todas: paixão e amor são completamente diferentes.
Descobri que a paixão é matemática pura, uma vez que existe quase uma fórmula empírica nela. Ou então química: Basta a combinação de alguns elementos e pronto. Nada tem a ver com espiritualidade, e tão pouco ainda com amor. Faça o teste, observe as pessoas. Eu já vi várias mulheres completamente diferentes entre si se apaixonarem pelo mesmo homem, e depois da cegueira, admitirem que a paixão se deu pela situação e pelas condições, e não pelo objeto. E, enquanto as mulheres não se dão conta isso, os garanhões vão tirando proveito. Só até aqui já se foram litros de distúrbios de relacionamentos.


"Onde andará Nicanor?
Tinha mãos de jardineiro
Quando tratava de amor

Há tanta moça na espera
Suas gentis primaveras
Um desperdício de flor."
(Chico Buarque)

Eu, por exemplo, não acredito na metade da laranja, na alma gêmea, pessoa-certa-que-Deus-reservou-só-para-você, tão pouco nos opostos que pelos séculos têm se atraído. Isto é física. Pra começar a conversa, não estou falando de físico; falo de amor.
Talvez possa parecer o contrário, mas nunca deixei de acreditar no amor. Acredito e confio no amor onde essencialmente se agrega, adiciona, valoriza, ilumina e presenteia a vida do outro ser com sua presença. Acredito nos afins que se complementam e se enriquecem juntos, ajudando mutuamente no crescimento e evolução espiritual, motivo mais nobre de estarmos aqui.
Acredito que um relacionamento de sucesso seja aquele que nasça de alguém já completo. Alguém que se sente bem consigo mesmo, ou, em palavras clichês, que tenham amor próprio e boa auto-estima. Alguém que não dependa de nada além de suas próprias pernas para se manter em pé. A partir dai então, ele vai estar seguro, preparado e receptivo para encontrar suas afinidades, desde que isso não seja algo vital e determinante.
Naturalmente os afins se aproximam. Isto é uma Lei Natural imutável, e ocorre primeiro espiritualmente. Depois intelectualmente, fisicamente e socialmente. E ai, através da admiração os afins ganham, nesta etapa e nessas condições, um ambiente fértil para o amor. E, para ele - como diria um amigo meu - seu tripé de sustentação não poderia ser outro senão: Confiança, comprometimento e respeito.
Dessa forma, se estreita consideravelmente a possibilidade de ter no seu relacionamento as tais deformidades e atribulações que vemos tão frequentemente. É necessário repensarmos e avaliarmos que tudo que foge do equilíbrio deixa de ser natural. O desequilíbrio emocional de uma pessoa pode acarretar em seu desequilíbrio celular e tranformar-se em cânceres incuráveis e mortais. Da mesma forma, o desequilíbrio dos sentimentos - Ciúmes, sentimento de posse, desrespeito, desconfiança, traições, etc - trazem ao amor mesma ação cancerígena, assassinando toda paz, aconchego e harmonia que só os amores puros são capazes de produzir.
Admirável aquele que consegue alcançar e manter tão gratificante sentimento, pois é a forma mais eficaz - e talvez única - de chegarmos mais perto de Deus e da felicidade plena.


"Eu amei, amei demais
O que eu sofri por causa de amor ninguém sofreu
Eu chorei, perdi a paz
Mas o que eu sei é que ninguém nunca teve mais, mais do que eu"
(Vinicius de Moraes)

Passagens

Pelo teu sono, eu a te zelar
As conversas molhadas da alta madrugada
As mensagens telepáticas com o olhar
As flores no centro da mesa da sala

Todos eles me perguntam por voce
Quando me vêem de passagem
Repetidamente vêem, e quase sempre
Reclamam a tua presença


A estatueta que me observa chorando no altar
Uma ajudante para os domingos de culinária
Sua luz branca no fim do corredor a me esperar
Seus passos desencontrados procurando a melodia


Todos eles me perguntam por voce
Quando me vêem de passagem
Repetidamente vêem, e quase sempre
Reclamam a tua presença

Na tua janela um luar pra iluminar
Os dedilhados da tua guitarra
Meu vestido colorido a te rondar
O sorriso largo em teu ombro na beira da estrada


Todos eles me perguntam por voce
Quando me vêem de passagem
Repetidamente vêem, e quase sempre
Reclamam a tua presença


Vago, e por tantas vezes ainda o vejo vindo
Que, por ter sido um sonho
Talvez ninguém tivesse ainda percebido
Que você sempre esteve, todo o tempo, comigo.

Nota do Autor

Sou brasileira. Paulistana. Sou jovem...Sou #vegan. Virginiana. Publicitária.Setentista e sambarockeira.
Espírita. Viciada em música, dança, livros, animais...Sou um novelo...de nós.
Sou amante e amadora das artes e das ciências sociais.
Para tanto, quando não se sabe escrever mas tem súbitos de necessidade, um remédio: O blog.
Para quem não tem no ventre a semente fértil da música, resta a admiração aos extraordinários que a gera, que falam o que precisamos ouvir, expressam o que gostaríamos de gritar, sem perder a propriedade e a maestria. Enfim, como nós, mortais, gostaríamos de tê-lo feito.
Não poderia deixar então de citar, antes de mais nada, a inspiração e os devidos créditos para o título do blog. Pensei em minha vida e encontrei um novelo de lã, envolto a vontades, misturados a dúvidas infinitas.Como expressar - sem o menor dom - de forma sucinta todo esse enrosco?!
E aí, como na maioria das vezes acontece, lembrei dos meus compositores prediletos: Chico, Vininha, Camelo, Amarante.... 
Amarante... Criativo, genial, excêntrico. Fundamental. Em uma de suas mais perfeitas composições, PAQUETÁ fala de uma forma só dele as principais complicações de um relacionamento.
Foi assim que conheçi a expressão e desde então nunca vi algo que traduzisse tão maravilhosamente o que eu gostaria de dizer.
Obrigado, Rodrigo=)


04. paquetá
(rodrigo amarante)


ah, se eu agüento ouvir outro não
quem sabe um talvez ou um sim
eu mereça enfim.
é que eu já sei de cor
qual o quê dos quais
e poréns dos afins
pense bem
ou não pense assim!

eu zanguei numa cisma, eu sei
tanta birra é pirraça e só
que essa teima era eu, não vi
e hesitei, fiz o pior
do amor amuleto o que eu fiz?
deixei por aí...
descuidei, dele quase larguei
quis deixar cair.
mas não deixei
peguei no ar
e hoje eu sei
sem você sou pá-furada.

ai, não me deixe aqui
o sereno dói
eu sei, me perdi
mas êi, só me acho em ti.

que desfeita a intriga, o ó!
um capricho essa rixa; e mal
do imbróglio que quiproquó
e disso, bem, fez-se esse nó.
e desse engodo eu vi luzir
de longe o teu farol.
minha ilha perdida é aí
o meu pôr-do-sol.