quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Amor

(O post a seguir não obedece nem nunca obedecerá à reforma ortográfica.Tenho dito.)


Dia desses tive contato com pessoas cuja familia é bastante numerosa. Encontrei também um casal simpático, apaixonado e feliz, com cinquenta anos de casados...Pensei ao que se deve o fato de antigamente não ser espantoso se ter dez filhos, por exemplo. Hoje, o espantoso é um casamento feliz e duradouro. Por que tantas tranformações de valores e comportamentos?
Deixando um pouco de lado questões históricas, sociais e econômicas, acho que muito se deve à falta de educação que as pessoas têm quando o assunto é relacionamento. O que pensar então dos chineses que promovem cursos para mulheres aprenderem a se comportar para conseguir um marido? E os relacionamentos dos brasileiros? Por que não duram mais como antigamente?
Temos que tomar muito cuidado quando pensamos em iniciar um relacionamento. Dadas minhas trágicas experiências, pude pensar bem sobre o assunto e extrair valiosas informações. Aliás, fator que me acrescentou muito e que me faz agradecer a vida pelo presente do aprendizado através de fatos que para muitos parece só trazer a dor. O propósito da dor é o que nos traz conforto e sentido à vida.
Hoje, então, não quero mais um relacionamento impensado e inconsequente, filho da carência, do desaconchego, da curiosidade, da imaturidade, da solidão ou até mesmo da pressão social. Hoje, desconfio dos carentes, dos apressados e dos que amam instantaneamente.
Acredito que as pessoas confundam muito as coisas quando falam de amor, motivo pelo qual tantos e tantos relacionamentos se desmoronam facilmente.
Procuramos no outro o abrigo e a segurança, tal qual o útero de mãe. Se o amor se resumisse a isso e fosse tão raso assim, não seriam necessárias as almas, mas sim fábricas de cobertores de orelhas e bonecos para dormir 'de conchinha' nos dias de frio. Afinal, você procura uma mãe ou uma esposa? Poupe-se.
Confundimos muito amor e paixão. Por favor, que isso fique bem claro de uma vez por todas: paixão e amor são completamente diferentes.
Descobri que a paixão é matemática pura, uma vez que existe quase uma fórmula empírica nela. Ou então química: Basta a combinação de alguns elementos e pronto. Nada tem a ver com espiritualidade, e tão pouco ainda com amor. Faça o teste, observe as pessoas. Eu já vi várias mulheres completamente diferentes entre si se apaixonarem pelo mesmo homem, e depois da cegueira, admitirem que a paixão se deu pela situação e pelas condições, e não pelo objeto. E, enquanto as mulheres não se dão conta isso, os garanhões vão tirando proveito. Só até aqui já se foram litros de distúrbios de relacionamentos.


"Onde andará Nicanor?
Tinha mãos de jardineiro
Quando tratava de amor

Há tanta moça na espera
Suas gentis primaveras
Um desperdício de flor."
(Chico Buarque)

Eu, por exemplo, não acredito na metade da laranja, na alma gêmea, pessoa-certa-que-Deus-reservou-só-para-você, tão pouco nos opostos que pelos séculos têm se atraído. Isto é física. Pra começar a conversa, não estou falando de físico; falo de amor.
Talvez possa parecer o contrário, mas nunca deixei de acreditar no amor. Acredito e confio no amor onde essencialmente se agrega, adiciona, valoriza, ilumina e presenteia a vida do outro ser com sua presença. Acredito nos afins que se complementam e se enriquecem juntos, ajudando mutuamente no crescimento e evolução espiritual, motivo mais nobre de estarmos aqui.
Acredito que um relacionamento de sucesso seja aquele que nasça de alguém já completo. Alguém que se sente bem consigo mesmo, ou, em palavras clichês, que tenham amor próprio e boa auto-estima. Alguém que não dependa de nada além de suas próprias pernas para se manter em pé. A partir dai então, ele vai estar seguro, preparado e receptivo para encontrar suas afinidades, desde que isso não seja algo vital e determinante.
Naturalmente os afins se aproximam. Isto é uma Lei Natural imutável, e ocorre primeiro espiritualmente. Depois intelectualmente, fisicamente e socialmente. E ai, através da admiração os afins ganham, nesta etapa e nessas condições, um ambiente fértil para o amor. E, para ele - como diria um amigo meu - seu tripé de sustentação não poderia ser outro senão: Confiança, comprometimento e respeito.
Dessa forma, se estreita consideravelmente a possibilidade de ter no seu relacionamento as tais deformidades e atribulações que vemos tão frequentemente. É necessário repensarmos e avaliarmos que tudo que foge do equilíbrio deixa de ser natural. O desequilíbrio emocional de uma pessoa pode acarretar em seu desequilíbrio celular e tranformar-se em cânceres incuráveis e mortais. Da mesma forma, o desequilíbrio dos sentimentos - Ciúmes, sentimento de posse, desrespeito, desconfiança, traições, etc - trazem ao amor mesma ação cancerígena, assassinando toda paz, aconchego e harmonia que só os amores puros são capazes de produzir.
Admirável aquele que consegue alcançar e manter tão gratificante sentimento, pois é a forma mais eficaz - e talvez única - de chegarmos mais perto de Deus e da felicidade plena.


"Eu amei, amei demais
O que eu sofri por causa de amor ninguém sofreu
Eu chorei, perdi a paz
Mas o que eu sei é que ninguém nunca teve mais, mais do que eu"
(Vinicius de Moraes)

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