sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Da Série Posts Antiguera : Dia das Crianças!

viu criança em frente à vitrine da melhor loja de brinquedos? Sou assim na Saraiva. Poderia até me tornar a garota propaganda, se eu parar pra contar o que sinto lá dentro, loja adentro.
Um sentimento estranho de quem sempre sobreviveu às custas desse ar, como se fosse meu próprio universo, de berço.  Como se eu nunca estivesse em outro lugar se não esse. Em meio aos livros e a música.
Sempre quando entro, os olhos brilham, as mão tremem, o pensamento violenta: “Se controla, se controla.” Imagina, não vou comprar nada dessa vez.
Mesmo assim, os olhos correm, ansiosos e dilatados, à procura de um bom motivo para cair em tentação.
Encontrei  Box do Rei B.B., Hendrix, Divas do Blues...R$ 30,00 que eu pagaria como quem compra uma coca-cola em um dia de muito calor. Enfim...”se controla..” Fui em direção à saída.
Na última ilha, a última cartada da loja, um golpe de misericórdia. Peguei um livro de Kafka. Nada que me fizesse voltar até o caixa. Fidel e Che talvez em um outro momento, onde eu não me lembre mais o quão comercial fizeram meu ídolo revolucionário. Ao lado, algo chama a atenção: Histórias de Canções Chico Buarque. Paraliso.
O que eu poderia querer mais senão um livro com estas histórias? O que afinal eu tenho procurado nas horas de lazer, sem saber bem por onde e como começar? E como a loja soube disso?!
Voltei. Rezei para que o cartão passasse. Corei. Naquele momento, minha vida dependeria de uma maquininha. Fechei os olhos depois de digitar a senha. Alguém me acordou:
- Moça, pode retirar o cartão.
(...)
Sai de lá com vontade de gritar, de rir... Vontade de chorar mesmo. Abri o livro em uma página aleatória, na ânsia de descobrir tudo logo, ou de adiantar alguma coisa que acalmasse os poros, que parasse a lágrima e 'evitasse o drama':
“Não chore ainda não, que eu tenho um violão e nós vamos cantar.”
(...)
Fechei o livro. Não precisa explicar mais nada, Homem.

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